quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A NATUREZA DA ALMA


Por Frater Magister

No dia seguinte apresentei-me a Abramelin, que sorrindo me disse: «quero-te sempre assim...» e conduziu-me ao seu aposento privado onde copiei dois manuscritos. Ele então me perguntou se na verdade e sem receios eu desejava aprender a Ciência Divina e a Magia Negra. Respondi-lhe que, se empreendera tão longa e fatigante viagem, o motivo fora o de querer saber toda a verdade.
«E eu», disse Abramelin, «forneço-te esta Ciência Sagrada, permitindo que a pratiques respeitando as leis destes dois pequenos livros, sem omitir a menor coisa, por mais inconcebíveis que elas possam parecer-te. Servir-te-ás desta Sagrada Ciência para reencontrar os antigos poderes, e voltar a ser um deus imortal, vencedor da vida e da morte.
«Então as trevas não te vencerão porque tu serás o vencedor, e hás de entrar na cadeia das trevas que habitam a Eternidade. Não ofereças esta ciência senão àqueles cujo olhar pode desafiar a obscuridade sem tremer aqueles cujo coração é tão forte que suportam a força do infinito sem que sobre o fardo se dobrem. Mas quero que saibas que esta verdadeira Ciência não durará em ti nem na tua geração para além de setenta e dois anos e tão pouco se manterá na nossa seita. Outras virão e, retomando o facho, hão de levá-lo cada vez mais longe, através do mundo, em nome do Supremo Senhor detentor da Pedra Sagrada (Lúcifer). Que nunca a curiosidade te arraste a saberes os porquês de tudo isto, a não ser que o teu coração seja suficientemente forte para receber a vida infinita nos seus vastíssimos limites. Imagina tu que a nossa maldade fez da nossa seita uma seita insuportável, não só a todo o ser humano como também aos deuses venerados pelos homens.»
Fiz menção de me ajoelhar ao receber os livros, mas, repreendendo-me, Abramelin avisou-me de que apenas perante o Senhor deveria fazê-lo.
Detive o pensamento para meu filho: «Estes dois livros estão escrupulosamente escritos, e depois da minha morte poderás lê-los, meu querido Lamech.»
Instruído por Abramelin, paguei-lhe a quantia solicitada (dez mil florins de ouro) despedi-me dele e parti pelo caminho de Constantinopla depois de receber a sua bênção. Em Constantinopla surgiu-me uma estranha doença que me esgotou. Foi como se num sonho a alma saísse e fosse substituída por uma luz forte. Retomando as minhas forças, espantado com a minha transformação, com a vitalidade de um jovem e o saber de Abramelin, tomei um barco e parti para Veneza.
Cheguei a esta cidade, onde amigos meus me receberam... E foi nesta mesma cidade que invoquei os quatro espíritos superiores, que me entregaram um espírito familiar, a chave e o número que permite prodígios! (Pacto sob os auspícios de Adonai).
Seguidamente na Hungria dei ao imperador Segismundo, príncipe muito clemente, um espírito também familiar da segunda hierarquia satisfazendo assim um seu anterior pedido.
Ele queria dominar toda esta operação, mas foi prevenido de que essa não era a vontade do Senhor, pelo que teve de contentar-se que tudo acontecesse como se tratasse de uma pessoa simples, e não de um imperador.
Esse espírito facilitou o casamento com uma mulher linda. (Ritual de Amor).
E foi ainda o mesmo que ajudou a encontrar bárbara de Cillei, ainda mais bonita que a primeira. Mas bárbara de Cillei morreu e foi enterrada no castelo de Vazradin. Confidenciei ao meu imperador que a morte não existe para aquele que possui a Ciência Sagrada de Abramelin.
Pediu-me então o imperador para que lhe ressuscitasse a bela e maravilhosa jovem. Assim o fiz, invocando de novo os quatro espíritos já invocados em Veneza, em circunstâncias diferentes e segundo a Ciência Mágica de Abramelin. (Rito Goécico que, no entanto, não se trata do retorno da alma da jovem e sim de seu cascão astral.)
Informei o imperador sobre o perfume que deveria fazer parte da cerimônia do despertar do cadáver: uma porção de incenso, uma meia parte de Stoelas do Levante, e uma quarta parte de madeira do bosque de Aloés.
Estes produtos, reduzidos ao pó, deveriam ferver numa caçoleta, perto do cadáver. Expliquei em seguida ao imperador que seria necessário invocar os quatro espíritos do décimo terceiro quadrado mágico: Oriens, Paymon, Ariton, Amaymon, porque só eles poderiam conseguir o regresso do morto à vida, tirando-o das trevas que acorrentam corpo e espírito. (Ritual de Magia Negra)
A sagrada magia que Deus deu a Moisés, Aarão, David, Salomão e a outros profetas ensina a verdadeira sapiência divina, deixada por Abraão a seu filho Lamech, traduzido do hebraico em Veneza no ano de 1458.
(Trecho do manuscrito A Sagrada Magia de Abramelin o Mago traduzido para o português pela EIE CAMINHOS DA TRADIÇÃO)

É estranho esse material estar envolto numa auréola de religiosidade. Trata-se de um puro Grimório, uma blasfêmia aos olhos dos religiosos, reclamando-se o poder dos profetas com fins puramente materiais conforme se observa acima. Mas, muitos querem confundir religiosidade com magia, coisas muito distintas.
Ironia? Sei disso, porque falar seriamente em Pactvm, em nossa época, não é fácil tarefa. A ciência oficial, que apenas quer conhecer o que o bisturi pode sondar, nega a existência dos espíritos, e os fatos indiscutíveis ocorridos em diferentes países, têm sido vituperados, negados ou silenciados, e bem assim outros fenômenos não menos estranhos, os quais apesar disso, se impõem pouco a pouco, á atenção dos cientistas ou sábios de nossa época, porque o fato é um argumento brutal que não se pode eternamente suprimir. A tecnologia a fica a disposição dos atuais Caçadores de Fantasmas, que averiguam o fato, muitas vezes constatando algo estranho ou estarrecedor, mas, não dispondo de conhecimento para impedir um mero ataque astral de forças contrárias.

Dito isto, creio do meu dever explicar o melhor que possa, aos nossos alunos e estudantes, o fenômeno espiritual pouco aprofundado ainda, se bem que sendo um fato natural sempre existiu desde a antiguidade.

Que o corpo evolui, se transforma e progride, e assim também ocorre à alma, é fato conhecido.

Nas diversas condições dos três reinos a alma desenvolve-se e progride. O corpo astral, seu inseparável companheiro, adapta-se ás diversas condições, conservando-se fielmente em si, até ás mais finas nuanças, a marca de todas as transformações sofridas. Na composição química do corpo astral são encontradas todas as substâncias, o reflexo de todos os instintos, qualidades e pendores do ser durante as inúmeras existências e transformações através do mineral, do vegetal, e do animal e enfim do homem, o ser mais perfeito conhecido sobre a Terra.

O átomo indestrutível lançado pela força criadora no turbilhão do Espaço, sendo representando apenas um princípio vital, reveste-se imediatamente de um DUPLO etéreo, intermediário entre a centelha divina e a parte material - o corpo. Esse intermediário é o agente principal que põe em vibração as funções da alma, isto é, a vida da alma produz-se pela vida material sobre esse tecido (invisível para nós) constituído por milhares de fios luminosos de indescritível tenuidade.

De igual modo que nas células da cera se condensa o sangue, assim sobre o corpo astral condensa-se os elementos e suas substâncias compostas. "Alma é vestida de ar”, esse ar é o cascão astral o qual, desde que o Espírito dele se desprende se torna presa fácil da podridão e se decompõe em seus elementos primitivos.

Uma regra sem exceção, estipula que depois da alma vem o corpo astral, depois do corpo astral o corpo, isto é, as substâncias que podem, de acordo com imutável lei, aglomerar-se sobre o tecido fluídico.

Assim, o corpo astral de um ser inferior só pode atrair na sua condensação material substâncias viscosas, é somente pelo trabalho da vida que o ser adquire e se apropria de novas forças de prana, as quais, em próxima condensação, tornarão o corpo astral do ser de outrora apto a formar um corpo mais perfeito.

Tão potente é a ação do Prana em toda parte para onde se voltam os olhares. Em toda parte, efetivamente, onde o cérebro se esquadrinha, se encontra o prana, que faz fervilhar a vida: está desde as entranhas da Terra que faz germinar a semente ou encoberto nas nuvens. O prana funde toda matéria, amálgama, solda de maneira indestrutível; o prana une a alma à matéria e dela a separa; esse elo é o traço luminoso visível aos clarividentes.

Tudo que é preguiçoso carece de mais prana e pertence a um grau inferior de desenvolvimento; todo ser e mesmo todo planeta, mais trabalhado pelo prana, distingue-se por um grau superior de atividade e desenvolvimento intelectual. Enfim, a perfeição não se resume, em si, apenas na concepção de que o Espírito, desembaraçado de toda substância material, torna o ser fagulha pura e regressa ao foco de onde saiu cego, para a ele tornar, inteligente, e servir ao Criador, que se separa de nós, porém jamais rompe o elo que nos liga á Ele, e que, através da sabedoria, deve conduzir-nos cedo ou tarde, a esse centro divino.


Voltando ao assunto que especialmente nos ocupa, lembrarei a existência de um ser chamado Demônio, que tendo em vista a tenacidade dos instintos que se conservam no homem, se ele tivesse a compreensão dos seres que nos rodeiam, estes ajudariam o homem a dominar a si mesmo, assim como, as diferentes causas que envolvem nossa vida, tais como terror, comoção moral, certos venenos ocultos nas palavras, olhos e inveja desenfreada, que asfixiam o ser a ponto de trazer a pessoa a um estado particular de letargia passiva, tornando difícil um despertar em condições normais, estes não se produziriam sem o auxílio dessas entidades especiais tidas como demônios, anjos, espíritos familiares, etc.

Não se pode criticar se usamos o clarão da Lua para despertar, mesmo que aparentemente obscura, não representa nenhuma sinistra atividade, afinal estamos aqui para interagir com todas as formas de seres que nos apresentem, desde o mais ínfimo vírus, até o maior que possam existir, todos sem exceção, independente do plano de vibração que nos encontremos deveriam se integrar e interagir conosco para que sob sua potente influência telúrica, através de um excepcional estado, possamos progredir como seres humanos atingindo o sucesso que deveria ser nosso por direito. Por essa razão propagamos a idéia e o Rito do Pactvm Pactorvm como uma forma de ensinar o ser humano a progredir com o uso dessas forças e seres.

Se nossos sentidos estiverem embotados ou letárgicos, passaremos a ter uma acuidade extraordinária: ouvir, ver, sentir, farejar. A necessidade da integração com o Pactvm se dá porque o corpo, ainda preso ao corpo astral, age numa certa medida de tempo e em intervalos mais ou menos longos, tendo a necessidade de se reabastecer, e assim por força dessas energias telúricas que evocamos e atamos a esse mesmo corpo astral.

Não se trata aqui de nenhuma venda de alma, como diriam os ignorantes, pois o Pactvm sobrecarregará esse corpo astral de fluído vital, garantindo a nutrição indispensável ás condições de existência humana satisfazendo o ser atado a essa energia as necessidades de crescimento interior e exterior.

O elo indissolúvel liga os três reinos e o homem, também é uma lei que rege esse fenômeno: o que é possível para a flor, o fruto ou o metal, é possível igualmente para o homem, e, nas condições desejadas, podendo ele prover-se do necessário para triunfar na vida.

Deixando o estado de letargia dos sentidos anteriores ao rito Pactvm Pactorvm, agora com infalível precisão, e graças aos aguçados sentidos, identificará o ser humano a fonte de sua riqueza e poder.

O processo não é selvagem, e nem ato inspirado por paixões desenfreadas, pois quem atinge a meta de sua vida, triunfa não só na matéria como no espírito, já que viemos aqui a testes constantes.

Uma vez terminado e vencido nos planos dos discos pelo período combinado, rompem-se os laços que o prendiam ao espírito, sendo eles destruídos, assim o acordo cessa, e a alma, e assim o corpo, retomam as condições ordinárias sem perder, no entanto, suas qualidades intelectuais adquiridas ou desenvolvimento impresso dos sentidos que já foram beneficamente afetados por essa força.


Em todas as direções, o homem esbarra com mistérios, em meios dos quais peregrina cego; toda a nossa existência é uma luta durante a qual buscamos nas trevas, o porquê do passado, do presente e do porvir, e, entretanto, repelimos obstinadamente, a chave do enigma que se nos oferece sob a forma de diversos fenômenos inexplicados.

Somente quando a muito orgulhosa Ciência de afastar do seu obstinado “non possumus”, quando abordar francamente o estudo das misteriosas forças da alma, das quais as ciências ocultas são mínima parte, quando se desvendarem pouco a pouco, as ocultas leis que regem o Universo, tudo se tornará claro, não haverá mais milagres, nem feitiçarias, e sim LEIS NATURAIS E FATOS DELAS DECORRENTES.

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